Biogeografia, origem e distribuição da domiciliação de triatomíneos no Brasil

Revista de Saude Publica - Tập 14 Số 3 - Trang 265-299 - 1980
Oswaldo Paulo Forattini1
1Universidade de São Paulo, Brasil

Tóm tắt

Considerando a distribuição atual da domicialiação triatomínea no Brasil, pode-se verificar sua associação com a referente aos espaços abertos. Estes podem ser considerados como naturais e artificiais. Os primeiros estão essencialmente situados nos domínios paisagísticos das caatingas, dos cerrados, totalmente incluídos em território brasileiro, e das pradarias mistas subtropicais pertencentes a paisagem que se estende além desses limites. Os outros são os originados da ação antrópica resultando em expansão da paisagem aberta principalmente em virtude da devastação da cobertura florestal do domínio tropical atlântico. Embora tentativamente, procurou-se aplicar o modelo de refúgios paleoecológicos e da existência de centros de endemismo às quatro espécies de domiciliação epidemiologicamente significante. O Triatoma sordida, Triatoma brasiliensis e Triatoma pseudomaculata parece ter seus centros de endemismo nos espaços abertos dos cerrados e das caatingas, enquanto o Panstrongylus megistus teria tido sua origem nas florestas do ambiente tropical atlântico. Quanto ao Triatoma infestans, sua área endêmica estaria localizada em território boliviano, de onde se dispersou e continua se dispersando pela ação do homem. A invasão domiciliar, ao que tudo indica, obedece a mecanismo oportunista propiciado por vários estímulos de abrigo e alimentação. Uma vez instalada, a domiciliação permite não apenas a sobrevivência, mas também a dispersão da espécie. Esses conceitos devem ser levados em conta nas campanhas de controle, uma vez que a probabilidade de sucesso aumenta com essa especialização do triatomíneo. A continuidade da ação antrópica sobre o ambiente, atualmente intensificada na região do domínio equatorial amazônico, resultará na expansão dos espaços abertos. Assim sendo, seja a custa de espécies locais seja a custa de espécies introduzidas, poderá ocorrer a domiciliação triatomínea, como problema de saúde pública, em região onde ainda não foi assinalada.

Từ khóa


Tài liệu tham khảo

AB'SÁBER A. N., 1977, 52

AB'SÁBER A. N., 1977, 3

AB'SÁBER A.N., 1979, 4

AB'SÁBER A. N., 1971, A organização das paisagens inter e subtropicais brasileiras

AB'SÁBER A.N., 1977

ALONSO M. T. A., 1977, Vegetação, 3, 91

ALONSO M. T. A., 1977, Vegetação, 5, 81

ARAGÃO M. B., 1961, Aspectos climáticos da doença de Chagas: II - Área de ocorrência do Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835), Rev. bras. Malar., 13, 171

ARAGÃO M. B., 1975, Sobre o comportamento de alguns insetos hematófagos, Arq. Biol. Tecnol., 18, 3

ARAGÃO M. B., 1971, Sobre a dispersão do Triatoma infestans, Rev. Soc. bras. Med. trop., 5, 183, 10.1590/S0037-86821971000400002

ARAGÃO M. B., 1978, Sobre a domiciliação dos triatomíneos, Rev. Soc. bras. Med. trop.

ARAGÃO M. B., 1956, Aspectos climáticos da doença de Chagas: I - Considerações sobre a distribuição geográfica do Triatoma infestans, Rev. bras. Malar., 8, 633

AZEVEDO A. de, 1950, Regiões clímato-botânicas do Brasil, Bol. paul. Geogr., 32

BARRETTO M. P.

BARRETTO M. P., 1975, 307

BEARD J. S., 1952, The savanna vegetation of Northern tropical America, Ecol. Monogr., 23, 149, 10.2307/1948518

BIGARELLA J.J., 1971, 1

BROWN JR. K. S., 1977, Centros de evolução, refúgios quaternários e conservação de patrimônio genéticos na região neotropical: padrões de diferenciação em Ithomiinae (Lepidoptera Nymphalidae), Acta amazon., 7, 75, 10.1590/1809-43921977071075

BROWN JR. K. S., 1979

BROWN JR. K.S., 1979, 5

BROWN JR. K. S., 1974, Quaternary refugia in tropical America: evidence from race formation in Heliconius butterflies, Proc. roy. Soc. London B, 187, 369, 10.1098/rspb.1974.0082

BUSTAMANTE F. M. de, 1957, Distribuição geográfica dos transmissores da doença de Chagas no Brasil e sua relação com certos fatores climáticos: Epidemiologia e profilaxia da enfermidade, Rev. bras. Malar., 9, 191

CABRERA A. L., 1973

DARLINGTON JR. P. J., 1965

DUCKE A., 1953, Phytogeographical notes on the Brazilian Amazon, An. Acad. bras. Ciênc., 25, 1

ERHART H., 1966, Bio-rhexistasie, biostasies évolutives, hétérostasie: Importance de ces notions en gêtologie minière exogène, C. R. Acad. Sci., 263, 1048

ERHART H., 1966, A teoria bio-resistásica e os problemas biogeográficos e paleobiológicos, Not. geomorfol., 6, 51

FIALHO D., 1953, Aspectos do revestimento florístico do Maranhão, Rev. Geogr. Hist., 4, 115

FITTKAU E. J., 1969, The fauna of South America, 624

FORATTINI O.P., 1971, Aspectos ecológicos da tripanossomose americana: II - Distribuição e dispersão local de triatomíneos em ecótopos naturais e artificiais, Rev. Saúde públ., 5, 163, 10.1590/S0034-89101971000200001

FORATTINI O. P., 1971, Aspectos ecológicos da tripanossomose americana: III - Dispersão local de triatomíneos, com especial referência ao Triatoma sordida, Rev. Saúde públ., 5, 193, 10.1590/S0034-89101971000200002

FORATTINI O. P., 1973, Aspectos ecológicos da tripanossomose americana: V - Observações sobre colonização espontânea de triatomíneos silvestres em ecótopos artificiais, com especial referência ao Triatoma sordida, Rev. Saúde públ., 7, 219, 10.1590/S0034-89101973000300004

FORATTINI O. P., 1974, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: VI - Persistência do Triatoma sordida após alteração ambiental e suas possíveis relações com a dispersão da espécie, Rev. Saúde públ., 8, 265, 10.1590/S0034-89101974000300003

FORATTINI O.P., 1975, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: VII - Permanência e mobilidade do Triatoma sordida em relação aos ecótopos artificiais, Rev. Saúde públ., 9, 467, 10.1590/S0034-89101975000400003

FORATTINI O. P., 1977, Aspectos ecolgicos da tripanossomíase americana: VIII - Domiciliação de Panstrongylus megistus e sua presença extradomiciliar, Rev. Saúde públ., 11, 73, 10.1590/S0034-89101977000100007

FORATTINI O. P., 1977, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: IX - Variação e mobilidade de Panstrongylus megistus em ecótopos artificiais, Rev. Saúde públ., 11, 199, 10.1590/S0034-89101977000200005

FORATTINI O. P., 1977, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: X - Dados populacionais das colônias de Panstrongylus megistus e de Triatoma sordida espontaneamente desenvolvidas em ecótopos artificiais, Rev. Saúde públ., 11, 362, 10.1590/S0034-89101977000300008

FORATTINI O. P., 1977, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: XI - Domiciliação de Panstrongylus megistus e potencial enzoótico, Rev. Saúde públ., S. Paulo, 11, 527, 10.1590/S0034-89101977000400010

FORATTINI O. P., 1978, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: XII - Variação regional da tendência de Panstrongylus megistus à domiciliação, Rev. Saúde públ., 12, 209, 10.1590/S0034-89101978000200013

FORATTINI O. P., 1979, Aspectos ecológicos da tripanossomíase americana: XIV - Persistência e potencial de domiciliação- de populações triatomínicas silvestres em região de intensa atividade agropecuária, Rev. Saúde públ., S. Paulo, 13, 123, 10.1590/S0034-89101979000200009

FRÓIS R. de L., 1953, Estudo sobre a Amazônia maranhense e seus limites florístícos, Rev. bras. Geogr., 15, 96

GALVÃO R., 1955, Introdução ao conhecimento da área maranhense abrangida pelo plano de valorização da Amazônia, Rev. bras. Geogr., 17, 239

HAFFER J., 1969, Speciation in Amazonian forest birds, Science, 165, 131, 10.1126/science.165.3889.131

HOEHNE F.C., 1923

HUECK K., 1972

46. HUECK K., 1972

JACKSON J. F., 1978, Differentation in the genera Enyalius and Strobilurus (Iguanidae): implications for Pleistocene Climatic changes in Eastern Brazil, Arq. Zool., 30, 1

LENT H., 1979, Revision of the Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), and their significance as vectors of Chagas'disease, Bull. Amer. Mus. nat. Hist., 163, 125

LUCENA D. T. de, 1959, Ecologia dos triatomíneos do Brasil, Rev. bras. Malar., 11, 577

MAC ARTHUR R.H., 1972

MARTINS A. V., 1968, Epidemiologia da doença de Chagas, 225

MARTONNE E., 1935, Problémes des régions arides sul-américaines, Ann. de Géog., 44, 1, 10.3406/geo.1935.10784

MEGGERS B. J., 1975, Application of the biological model of diversification to cutural distributions in Tropical lowland South America, Biotropica, 7, 141, 10.2307/2989620

MILES M. A., 1975, 48

MÜLLER P., 1972, Centres of dispersal and evolution in the neotropical region, Stud. neotrop. Fauna, 7, 173, 10.1080/01650527209360442

MÜLLER P., 1973

PESSOA S. B., 1962, Domiciliação dos triatomíneos e epidemiologia da doença de Chagas, Arq. Hig., 27, 161

PRANCE G. T., 1978, The origin and evolution of the amazon flora, Interciência, 3, 207

PRANCE G. T., 1973, Phytogeographyc support for the theory of Pleistocene forest refuges in the Amazon Basin, based on evidence from distribution patterns in Caryocaraceae, Chrysobalanaceae, Dichapetalaceae and Lecythidaceae, Acta amazon., 3, 5, 10.1590/1809-43921973033005

RIZZINI C. T., 1964, Áreas climático-vegetacionais do Brasil segundo os métodos de Thornthwaite e de Mohr, Rev. bras. Geogr., 26, 523

SCHMIDT K. P., 1951, Amphibians and reptiles of the Hopkins-Branner expedition to Brazil, Fieldiana: Zool., 31, 439

SEREBRENICK S., 1959, Distribution géographque des triatomidées dans la valée du São Francisco et ses rapports avec les conditions climatiques, An. Inst. Med. trop., 16, 133

SHERLOCK I. A., 1972, Fauna Triatominae do Estado da Bahia: I - As espécies e distribuição geográfica, Rev. Soc. bras. Med. trop., 6, 265, 10.1590/S0037-86821972000500005

SIMPSON B. B., 1978, Speciation patterns in the Amazonian forest biota, Ann. Rev. Ecol. System., 9, 497, 10.1146/annurev.es.09.110178.002433

SOARES L. de C., 1953, Limites meridionais e orientais da área de ocorrência da floresta amazônica em território brasileiro, Rev. bras. Geogr., 15, 3

SPASSKY B., 1971, Geography of the sibling species related to Drosophila willistoni, and of the semispecies of the Drosophila paulistorum complex, Evolution, 25, 129, 10.2307/2406506

TRICART J., 1977

UDVARDY M. D. F., 1969

USINGER R. L., 1966, The biosystematics of Triatominae, Ann. Rev. Ent., 11, 309, 10.1146/annurev.en.11.010166.001521

VAN DER HAMMEN T., 1974, The Pleistocene changes of vegetation and climate in tropical South America, J. Biogeogr., 1, 3, 10.2307/3038066

VANZOLINI P.E., 1974, Ecological and geographical distribution of lizards in Pernambuco, northeastern Brazil (Sauria), Pap. avuls. Zool., S. Paulo, 28, 61

VANZOLINI P. E., 1973, Paleoclimates, relief and species multiplication in equatorial forests, 255

VANZOLINI P. E., 1970, 3

VANZOLINI P. E., 1970, South American anoles: the geographic differentiation and evolution of the Anolis chrysolepis species group (Sauria, Iguanidae), Arq. Zool., S. Paulo, 19, 1, 10.11606/issn.2176-7793.v19i1-2p1-176

VUILLEUMIER B. S., 1971, Pleistocene changes in the fauna and flora of South America, Science, 173, 771, 10.1126/science.173.3999.771

WEBB S. D., 1978, A history of savanna vertebrates in the new world: Part II: South American and the great interchange, Ann. Rev. Ecol. Syst., 9, 393, 10.1146/annurev.es.09.110178.002141

WEBER H., 1969, Zur natürlichen vegetations: gliederung von südamerika, 2, 475

WENT F. W., 1978, Plant life and desertification, Environ. Conserv., 5, 263, 10.1017/S0376892900006263

WHITE M. J. D., 1978

WIENS J. A., 1976, Population responses to patchy environments, Ann. Rev. Ecol. Syst., 7, 81, 10.1146/annurev.es.07.110176.000501

WILLIAMS M. A. J., 1975, Late Pleistocene tropical aridity synchronous in both hemispheres?, Nature, 253, 617, 10.1038/253617a0

WINGE H., 1973, Races of Drosophila willistoni sibling species: probably origin in quaternary forest refuges of South America, Genetics, 74, 297

ZELEDÓN R., 1975, 326